Para ser uma enfermeira clínica ou líder de enfermagem de sucesso, é necessário possuir capacidades de comunicação excepcionais – e é preciso ser capaz de as utilizar em situações de grande stress.
Por que é a comunicação importante na Enfermagem?
Devem ser mantidas boas capacidades de comunicação para colaborar em equipa com os seus colegas enfermeiros e colegas de outras disciplinas. Também é importante para os cuidados centrados no paciente.
As enfermeiras que dedicam tempo a ouvir e compreender as preocupações de cada um dos seus pacientes estão mais bem preparadas para abordar as questões à medida que estas surgem, resultando em melhores resultados para os pacientes.
Por outro lado, uma má comunicação, ou falta de comunicação, pode levar a que os pacientes compreendam mal as direcções e não sigam os protocolos de tratamento. Pode também levar a quebras no fluxo de trabalho da equipa, resultando em erros médicos. Um relatório da Joint Commission constatou que a má comunicação durante as transferências de pacientes contribuiu para 80% dos erros médicos graves.
Adicionalmente, os pacientes que estabeleceram um diálogo aberto e seguro com uma enfermeira são mais propensos a revelar a verdadeira extensão dos seus sintomas. De acordo com o livro Interpersonal Relationships: Professional Communication for Nurses by Arnold and Boggs, a competência de comunicação oferece um meio primário para estabelecer uma relação de confiança e colaboração com pacientes e famílias. As competências de comunicação interpessoal influenciam a qualidade das decisões tomadas, bem como o nível de motivação do paciente para seguir os protocolos de tratamento e alcançar os resultados clínicos desejados.
10 Competências de comunicação eficazes para enfermeiros
Para os enfermeiros, uma boa comunicação significa abordar cada interacção do paciente com a intenção de compreender as preocupações, experiências e opiniões do paciente. Isto inclui a utilização de competências de comunicação verbal e não verbal, juntamente com técnicas de escuta activa e de ensino-aprendizagem do paciente. Abaixo, exploramos 10 capacidades de comunicação que são importantes para os enfermeiros.
Comunicação verbal
Comunicação verbal excelente é fundamental. O objectivo é falar sempre com clareza, precisão, e honestidade. É também importante conhecer o seu público e falar adequadamente de acordo com a idade, cultura e nível de literacia de saúde da pessoa. Se se sentir stressado ou frustrado, esteja atento ao seu tom de voz e não deixe que estas emoções vazem na sua interacção paciente. Pode:
- Encoraja os pacientes a comunicar fazendo perguntas abertas como, “Pode dizer-me um pouco mais sobre isso?”
- Evite nomes condescendentes de animais de estimação como “mel” ou “querido” e em vez disso use o primeiro nome ou nome de escolha do paciente.
- Fale frases claras e completas e evite jargões técnicos.
Comunicação não-verbal
Utilizar elementos de comunicação não-verbal – tais como expressões faciais, contacto visual, linguagem corporal, gestos, postura, e tom de voz – é também essencial na criação de relações. O simples sorriso pode ir muito longe. Também pode:
- Mostrar interesse no que o paciente está a dizer mantendo o contacto visual e acenando com a cabeça.
- Sorrir, mas não olhar fixamente.
- Utilizar uma linguagem corporal não ameaçadora que transmita abertura.
li>Sente-se quando puder, e incline-se para a frente para mostrar que está empenhado.
Active Listening
“Active listening” significa ouvir para compreender a experiência da outra pessoa. A forma mais elevada e mais eficaz de ouvir, requer atenção e empenho total. Esta habilidade é importante não só para enfermeiros clínicos, mas também para enfermeiros executivos como uma ferramenta para construir confiança e compromisso com o seu pessoal. A escuta activa inclui tanto a capacidade de comunicação verbal como não verbal. Por exemplo:
- Nod a cabeça, mas nunca interromper.
- Lean forward and maintain eye contact to let the person know you’re engaged.
- Inclua um mínimo de encorajamento verbal, tal como “I understand,” e “go on”
Comunicação escrita
Habilidades de comunicação escrita são também essenciais para uma comunicação eficaz de enfermeira para enfermeira. Como enfermeira, será responsável pela criação e actualização dos registos dos pacientes. É fundamental que os registos sejam precisos e actuais para que os seus pacientes possam receber os melhores cuidados possíveis. Lembre-se também de proteger a confidencialidade dos pacientes. Algumas dicas:
- Faça anotações imediatamente a seguir aos cuidados do paciente para que não se esqueça de nada.
- Escreva de forma legível e clara, usando linguagem simples.
- Certifique-se de anotar datas e horas exactas.
Habilidades de apresentação
As capacidades de apresentação eficazes são mais aplicáveis durante a “transferência” – quando estiver a transferir os cuidados do paciente para outra enfermeira. Estas competências ajudá-lo-ão também a demonstrar claramente os seus conhecimentos e perícia numa variedade de ambientes de trabalho, tais como apresentação em conferências, participação em entrevistas de trabalho, apresentação de relatórios de casos a médicos, e muito mais. É uma boa ideia para:
- Planear a sua apresentação e prática.
- Prestar atenção tanto à sua comunicação verbal como à sua linguagem corporal.
- Adicionar visuais à sua apresentação para uma melhor explicação.
- Entenda o seu público e saiba o que ele quer e precisa da sua apresentação.
Educação dos doentes (Patient Teach-Back)
As enfermeiras são responsáveis pela maior parte da comunicação entre a equipa de saúde e os doentes. Isto inclui a informação dos pacientes e familiares sobre as condições de saúde, diagnósticos, planos de tratamento, e protocolos de medicação. Esta competência é especialmente importante para os profissionais de enfermagem familiar que trabalham com os pacientes e as famílias para fornecer aconselhamento sobre saúde e educação.
O Teach-Back da paciente é uma estratégia de comunicação eficaz em que os prestadores de cuidados de saúde pedem aos pacientes que repitam a informação de volta para eles. Este método melhora a compreensão do paciente e encoraja a adesão às instruções de cuidados. A má compreensão da informação pode fazer com que os pacientes e os seus familiares se sintam ansiosos ou se tornem defensivos. Por exemplo, pode-se dizer:
- “Já analisámos muita informação. Agora gostaria que mo repetisse para se certificar de que se lembra de tudo”
- “Pode repetir as instruções para me devolver este medicamento?”
- “Vamos rever o que acabámos de discutir. Pode explicar-me com as suas próprias palavras?”
Fazer ligações pessoais
É importante conhecer a pessoa por detrás do paciente. As relações centradas no paciente são fundamentais para ajudar os pacientes a sentirem-se seguros e confortáveis. A criação de ligações significativas com os pacientes pode melhorar os resultados e a confiança. Algumas ideias:
- Passar uns minutos extra todos os dias com cada paciente a conhecê-los.
- Exibir interesse nas suas vidas e partilhar histórias próprias.
- Dizer sempre a verdade.
- Partilhar informação abertamente.
- Estar dispostos a admitir erros.
li>Conhecer um facto divertido sobre cada paciente.
Confiança
É importante que os profissionais de saúde inspirem confiança nos pacientes, ouvindo activamente e levando a sério todas as queixas e preocupações. A construção da confiança leva tempo. Os ambientes de cuidados de saúde são assustadores para alguns pacientes. É importante fazê-los sentir-se o mais confortáveis possível.
Confiança é algo que os educadores e líderes de enfermagem também devem cultivar à medida que trabalham para desenvolver a próxima geração de enfermeiros. Para inspirar confiança, os líderes de enfermeiras e educadores devem:
Consciência Cultural
Provavelmente irá trabalhar todos os dias com pessoas que vêm de uma vasta gama de origens sociais, culturais e educacionais. Cada paciente e colega de trabalho é único, e é importante estar consciente e sensível. Por exemplo, avalie a fluência do paciente em inglês e classifique o seu vocabulário em conformidade ou traga um tradutor, se necessário e possível. Com pacientes trans e não binários de sexo, não se esqueça de usar o seu nome e pronome preferidos.
Compaixão
Compaixão é uma habilidade de comunicação essencial nos cuidados de saúde. De acordo com o Journal of Compassionate Healthcare, “estudos mostram que a compaixão pode ajudar a induzir uma rápida recuperação de doenças agudas, melhorando a gestão de doenças crónicas, e aliviando a ansiedade”. É possível prestar cuidados de enfermagem compassivos, colocando-se no lugar do paciente e compreendendo as suas necessidades e expectativas.
Como superar as barreiras de comunicação na Enfermagem
Por vezes, a mensagem enviada nem sempre é recebida da forma desejada. As barreiras de comunicação na enfermagem resultam em fracas interacções e relações paciente-enfermeiro. Para as ultrapassar, temos primeiro de compreender os tipos de barreiras de comunicação que os enfermeiros enfrentam. No artigo “Comunicação e necessidades linguísticas”, Dawn Weaver identifica três barreiras de comunicação comuns na enfermagem: barreiras físicas, sociais e psicológicas.
Barreiras físicas
O ambiente em que se comunica com um paciente pode fazer uma enorme diferença na comunicação eficaz. Ambientes ocupados, barulhentos e distractores podem aumentar o stress do paciente. Para criar um ambiente seguro e confortável, tente fechar portas, abrir estores, e atenuar ruídos exteriores sempre que puder.
Barreiras sociais
Barreiras sociais incluem diferenças na língua, religião, cultura, idade, e costumes. A compreensão dos antecedentes culturais de cada paciente pode ajudar os enfermeiros a evitar preconceitos e a comunicar claramente. É uma boa ideia adaptar as suas estratégias de comunicação dependendo da idade do paciente, também:
Uma criança de 12 e 70 anos terá ideias muito diferentes do que a saúde e os cuidados de saúde significam para eles.
Barreiras Psicológicas
Para muitos pacientes, uma viagem ao médico é indutora de ansiedade. A ansiedade e o stress são barreiras psicológicas, assim como a demência e outras condições cognitivas. Para ajudar a reduzir a sua influência, ajuda a levar mais tempo a ouvir, a empatizar e a ser solidário. Está provado que estes cuidados psicossociais melhoram os resultados de saúde e a qualidade de vida dos pacientes.
As enfermeiras podem também precisar de ultrapassar as suas próprias barreiras psicológicas. Falar aos doentes e familiares sobre morte, doença, e outros tópicos sensíveis pode ser angustiante. Um estudo no Journal of Advanced Nursing explorou o facto de muitas enfermeiras experimentarem sentimentos de ansiedade quando discutem as necessidades e condições médicas dos pacientes.
Comece a desenvolver competências de comunicação cruciais hoje
Aprender estas e outras competências de comunicação deve fazer parte da sua educação, quer esteja matriculado numa escola de enfermagem de graduação ou num programa de enfermagem de pós-graduação. São também fáceis de praticar no trabalho, pois terá muitas oportunidades para comunicar com os pacientes e os seus colegas. Ponha a sua ideia favorita em prática hoje!
p>A Universidade de Santo Agostinho para as Ciências da Saúde (USAHS) oferece Mestrado em Enfermagem (MSN), Doutor em Prática de Enfermagem (DNP), e Certificados de Pós-Graduação em Enfermagem concebidos para enfermeiros trabalhadores. Os nossos diplomas são oferecidos online, com imersões opcionais no campus* e uma viagem anual interprofissional ao estrangeiro. As especialidades de papel incluem Family Nurse Practitioner (FNP), Nurse Educator (apenas MSN), e Nurse Executive. O MSN tem várias opções para acelerar o seu tempo até à conclusão do curso. Complete o curso quando e onde quiser – e ganhe o seu diploma de enfermagem avançado enquanto mantém o seu trabalho e vida em equilíbrio.
*O percurso da FNP inclui duas intensidades clínicas práticas necessárias como parte do currículo.
Fontes
The Joint Commission, “Joint Commission Center for Transforming Healthcare Releases Targeted Solutions Tool for Hand-Off Communications,” Agosto de 2012, Volume 32, Edição 8, 2019.
Agência para a Investigação e Qualidade dos Cuidados de Saúde, “Use the Teach-Back Method: Ferramenta #5”. Última revisão em Fevereiro de 2015: https://www.ahrq.gov/health-literacy/quality-resources/tools/literacy-toolkit/healthlittoolkit2-tool5.html
Chen CS et al., “Nurses’ Perceptions of Psychosocial Care and Barriers to Its Provision”: A Qualitative Study,”
J Nurses’ Res, 10 de Agosto de 2017 doi: 10.1097/jnr.0000000000000185.