Aranhas Vagabundas Brasileiras: Picadas & Outros Factos

Aranhas errantes brasileiras, também chamadas aranhas armadas ou aranhas bananeiras, pertencem ao género Phoneutria, que significa “assassina” em grego. E não é de admirar que – é uma das aranhas mais venenosas da Terra. A sua picada pode ser mortal para os humanos, especialmente para as crianças, embora o antiveneno torne a morte improvável.

O Livro dos Recordes do Guinness tem nomeado a aranha brasileira errante a aranha mais venenosa do mundo em vários anos, embora, como Jo-Anne Nina Sewlal, uma aracnologista da Universidade das Índias Ocidentais em Trinidad, salientou, “Classificar um animal como mortal é controverso”, uma vez que a quantidade de dano depende da quantidade de veneno injectado. Além disso, um “estudo bem divulgado de que uma injecção intravenosa de 0,006 mg de veneno destas aranhas causou a morte em ratos poderia ser considerado pouco preocupante para os humanos, uma vez que somos muitas vezes maiores que um rato”, disse ela.

Classification/taxonomy

Existem oito espécies de aranhas errantes brasileiras, todas elas podem ser encontradas no Brasil. Algumas das espécies também podem ser encontradas em toda a América Latina, desde a Costa Rica à Argentina, de acordo com um artigo da revista American Entomologist. O autor Richard S. Vetter, investigador associado no departamento de entomologia da Universidade da Califórnia, Riverside, escreveu que espécimes destes poderosos aracnídeos têm sido exportados para a América do Norte e Europa em remessas de bananas. No entanto, Vetter observou, em muitos casos de infestação de carga, que a aranha em questão é uma espécie Cupiennius inofensiva que é mal identificada como uma espécie de Phoneutria. Os dois tipos de aranhas parecem semelhantes.

A taxonomia das aranhas errantes brasileiras, de acordo com o Sistema Integrado de Informação Taxonómica (ITIS), é:

Reino Unido: Sub-reino Animalia: Bilateria Infrakingdom: Bilateria Infrakingdom: Protostomia Superphylum: Ecdysozoa Phylum: Arthropoda Subphylum: Chelicerata Class: Ordem de Arachnida: Família Araneae: Género Ctenidae: Espécie: Phoneutria:

  • Phoneutria bahiensis
  • Phoneutria boliviensis
  • Phoneutria eickstedtae
  • Phoneutria fera
  • Phoneutria keyserlingi
  • Phoneutria boliviensis
  • Phoneutria eickstedtae nigriventer

  • Phoneutria pertyi
  • Phoneutria reidyi

Tamanho & características

As aranhas errantes brasileiras são grandes, com corpos que chegam a atingir 2 polegadas (5 centímetros) e com o comprimento das pernas a atingir cerca de 6 polegadas (15 cm), de acordo com o Instituto de Conservação. As espécies variam na cor, embora todas sejam peludas, na sua maioria castanhas e podem ter uma mancha preta na barriga.

Comportamento

De acordo com Sewlal, estes aracnídeos “são chamados aranhas errantes porque não constroem teias mas vagueiam no chão da floresta durante a noite, caçando activamente presas”. Matam tanto por emboscada como por ataque directo.

passam a maior parte do dia escondidas debaixo de troncos ou em fendas, e saem para caçar à noite. Comem insectos, outras aranhas e, por vezes, pequenos anfíbios, répteis e ratos.

Por causa da toxicidade da sua picada e da sua postura alarmante, estas aranhas têm a reputação de serem agressivas. Mas estes comportamentos são na realidade mecanismos de defesa.

“Quando ameaçadas, levantarão os seus dois primeiros pares de pernas”, disse Sewlal. Esta postura dramática e intimidante expõe os pêlos escarlate que rodeiam as presas em algumas espécies. A sua postura ameaçada serve de aviso, indicando aos predadores que a aranha venenosa está pronta para atacar.

“As suas picadas são um meio de autodefesa e só são feitas se forem provocadas intencionalmente ou por acidente”, disse Sewlal.

Uma aranha vagueante brasileira guarda o seu saco de ovos.

Uma aranha brasileira vagueante guarda o seu saco de ovos. (Crédito da imagem: Dr. Morley Ler )

Acasalamento

Em quase todas as espécies de aranhas, a fêmea é maior do que o macho. Este dimorfismo não é diferente na aranha vagueante brasileira. Os machos abordam as fêmeas com cautela quando tentam acasalar, de acordo com o departamento de biologia da Universidade de Wisconsin-La Crosse. Os machos executam uma dança para chamar a atenção das fêmeas, e os machos lutam frequentemente uns contra os outros por causa da fêmea. A fêmea pode ser exigente, e muitas vezes recusa muitos machos antes de escolher aquele com o qual irá acasalar. Assim que escolhe um, o macho precisa de ter cuidado; as fêmeas atacam frequentemente os machos uma vez terminada a cópula.

A fêmea pode então armazenar o esperma numa câmara separada dos óvulos até estar pronta para os fertilizar. Ela deposita até 1.000 óvulos, que são mantidos em segurança num saco de soro de seda.

Aranhas errantes brasileiras normalmente vivem durante um ou dois anos.

Mordedura

O veneno das aranhas errantes brasileiras é um complexo cocktail de toxinas, proteínas e peptídeos, segundo o Museu de História Natural de Karlsruhe, Alemanha. O veneno afecta os canais iónicos e receptores químicos nos sistemas neuromusculares das vítimas.

Após um humano ser mordido por uma destas aranhas, ele ou ela pode experimentar sintomas iniciais, tais como dores ardentes graves no local da mordedura, suor e arrepios, disse Sewlal. Em 30 minutos, os sintomas tornam-se sistémicos e incluem pressão arterial alta ou baixa, batimento cardíaco rápido ou lento, náuseas, cólicas abdominais, hipotermia, vertigens, visão turva, convulsões e suores excessivos associados ao choque. As pessoas que são mordidas por uma aranha vagueante brasileira devem procurar imediatamente cuidados médicos.

Além de dor intensa e possíveis complicações médicas, a mordida de uma aranha vagueante brasileira pode proporcionar uma erecção longa e dolorosa aos machos humanos. O veneno aumenta o óxido nítrico, um químico que aumenta o fluxo sanguíneo. Vários estudos analisaram a incorporação do veneno em drogas para disfunção eréctil.

No entanto, estas picadas são raras, e as envenenações são geralmente leves, disse Vetter. Ele citou um estudo brasileiro, publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo em 2008, que revelou que apenas 2,3% das picadas foram tratadas com antiveneno. (As outras mordeduras não continham veneno suficiente para o requerer.) O estudo também salientou que, a partir desse ano, apenas 10 mortes tinham sido atribuídas à mordedura da aranha no Brasil. Segundo o estudo, “os casos de envenenamento grave são raros (0,5%)”

“É improvável que a aranha lhe injectasse todo o seu veneno, pois este veneno não é apenas necessário como meio de defesa, mas para imobilizar a presa”, concordou Sewlal. “Assim, se injectasse todo o seu veneno, teria de esperar que o seu corpo fosse mais fabricado antes de poder caçar”. Isso deixaria a aranha vulnerável a ser atacada por predadores.

Outras vezes, Sewlal salientou que a produção de veneno requer muitos recursos e tempo de uma aranha. “Assim, se a aranha atacasse frequentemente e utilizasse todo o seu veneno, seria seguro assumir que tem um abastecimento alimentar pronto para substituir a energia e os recursos utilizados. Esta situação não existe na natureza”

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