Dóiem-me as picadas de medusas, e algumas delas podem até ser mortais. Mas a picada do Homem O’ Guerra português – que é tecnicamente um sifonóforo e não uma medusa – é particularmente dolorosa.
As criaturas flutuam por aí usando uma bexiga de ar e são frequentemente empurradas em massa para as praias por correntes de vento e água onde picam os frequentadores insuspeitos da praia. Durante anos, os manuais de primeiros socorros têm sugerido tratar as picadas do homem ou da guerra de forma diferente do que as da medusa. Mas como George Dvorsky relata para Gizmodo, um novo estudo sugere que isso não é necessário. De facto, a maioria dos tratamentos comuns recomendados para as medusas e as picadas de homem ou de guerra fazem de facto mais mal do que bem. Os investigadores publicaram os seus resultados na semana passada na revista Toxins.
De acordo com um comunicado de imprensa, Angel Yanagihara, autor sénior do estudo e chefe do Laboratório de Investigação da Cnidária do Pacífico na Universidade do Havai, Manoa, iniciou o projecto com a medusa de caixa, considerada uma das criaturas mais mortíferas do mundo. Ela concebeu um conjunto de modelos que imitam tecido humano para testar as melhores formas de tratar as suas picadas.
Os testes revelaram que algumas recomendações comuns, como aplicar urina à picada ou raspar os tentáculos, só pioravam as coisas. “Sem uma ciência sólida para apoiar práticas médicas, acabámos por ter recomendações oficiais conflituosas em todo o mundo, levando à confusão e, em muitos casos, a práticas que na realidade pioram as picadas ou até custam vidas”, diz Yanagihara no comunicado de imprensa.
Então o investigador decidiu realizar testes semelhantes sobre o homem da guerra, colaborando com o especialista em alforrecas Tom Doyle na Universidade Nacional da Irlanda em Galway. A dupla efectuou as mesmas experiências sobre o homem o’ guerras em torno da Irlanda e do Hawaii. Como relata Dvorsky, os investigadores encontraram muitos tratamentos potenciais – incluindo o alojamento da picada com urina, álcool, refrigerante, sumo de limão e sabonete de prato – tudo fez com que os cnidae, que são as cápsulas microscópicas com ponta de picada que provocam os danos, descarregassem mais toxinas. Nenhum destes tratamentos os impediu de picarem. Um tratamento comum, enxaguar a picada com água do mar, foi particularmente mau e apenas espalhou os cnidae por uma área mais vasta.
Então, o que é que funciona? Acontece que enxaguar a picada com vinagre e depois mergulhar a área em água a 113 graus Fahrenheit ou mais quente durante 45 minutos irá desactivar e enxaguar os cnidae, bem como desactivar o veneno já injectado. Um produto desenvolvido pelo exército americano para mergulhadores de combate chamado Sting No More também funciona.
Orientações actuais recomendam vinagre para picadas de medusas mas desencorajam a utilização para a guerra humana. “Dado que a maioria das recomendações proíbe expressamente o uso de vinagre e recomenda enxaguamentos de água do mar, estas descobertas alteram completamente os protocolos actuais”, diz Yanagihara no comunicado de imprensa.
Para Doyle, o resultado significa comer algum corvo. Há uma década atrás, ele ajudou a reunir os protocolos para o tratamento de picadas na Irlanda, que recomendam a lavagem da picada em água do mar e a utilização de um saco de gelo, mais ou menos o contrário do que os resultados do estudo.
A equipa vai agora colocar a sua mira no Scyphozoa, ou a verdadeira medusa, para descobrir a melhor maneira de tratar as suas picadas. Isto significa que ainda há uma hipótese desta cena perturbadora mas clássica do programa de televisão “Friends” poder vir a ser a melhor prática.